segunda-feira, julho 26, 2004

O fogo

Depois de uns dias de ausência decidi voltar, desta vez para vos falar sobre... nada. Começo a acreditar que, por este andar, este blog não vai longe.
Começou o país a arder de novo. Achei imensa piada a uma entrevista de um dos responsáveis pela coordenação, a nível governamental, pelo ordenamento das nossas florestas. Dizia ele que aprendemos a lição do ano passado. Há menos fogos, os bombeiros combatem-nos eficazmente, bla, bla, bla, bla. De repente voltei a ver aquelas imagens do Iraque: "Os americanos não estão sequer perto de Bagdad...". Neste caso "o fogo não existe em Portugal". Mas não podemos ser apenas más línguas. Temos de reconhecer que este ano tem havido menos fogos. Não sei se é por já não haver tanto terreno florestal ou se pelos serviços florestais estarem melhores, mas que há menos incêndios, lá isso há. E de certeza que este ano não houveram viagens turísticas de helicópetero. Isto é, quase de certeza (isto em Portugal nunca se sabe).
Mas o que eu gostei mesmo foi da mudança de governo. Prá direita. Acho que está tudo dito. E aquela carinha de palerma dum ministro que eu cá sei e que se chama Paulo Portas a quando da tomada de posse? Quase que valeu a pena o sofrimento destes dois anos. Quase. Ou a secretária de estado da Defesa, desculpem, das artes e espectáculos? Também foi um momento alto. Creio que este governo vale pelo poder de comunicação. Do espelho com o Santana.
Mas não quero que julguem que eu sou um daqueles que acham que os políticos são todos pérfidos, corruptos, opurtunistas. Não sou. Acredito firmemente que a maior parte é apenas imcompetente. O resto vem em consequência. E vejamos que não é fácil tomar as rédeas de um país. Se há algo que em mim existe em abundância é a compreensão. Só assim posso explicar porque não emigrei quando o Santana foi nomeado primeiro-ministro. Paciência e compreensão. Muita.
Quanto ao nosso amigo Barroso (agora sem o Durão): Afinal o gajo é um porreiraço. Gosto muito de o ver naquelas colunas do social, sempre sorridente e com a frase certa no momento certo. Estou tão orgulhoso dele. Tenho orgulho de um português que no meio de um processo difícil, ao qual a sua presença e força de vontade davam algum crédito, abandona um país e vai enfrentar os matulões do parlamento europeu. É preciso coragem, ou lata. Mas o homem é cheio de boas intenções. Capaz de renegar as suas ambições pessoais por um bem maior, o da União Europeia (Não sei porque, mas isto soa-me um pouco ambíguo). É sempre bom de ver este tipo de acto altruísta. Tenho andado a reler o "A Ratazana". «Sempre as primeiras a abandonar o navio». Confesso que gosto mais do cherne. Não dá para fazer analogias com a personalidade tão boas, mas sempre tem mais classe. Não acham?
Agora à esquerda.
Momento decisivo no PS. Todas as alas querem o poder. E com popularidade combate-se a popularidade. Temos o gordinho (parte II), o amigo simpático ( confesso que este é o meu preferido. Se um dia me vier a foder, pelo menos diz sempre as palavras certas) e o poeta revolucionário (confesso que deste não sei que diga. O meu cão também não). Imagino como será difícil a escolha. Se fosse demorada, também era bom.
Recordo-me de um pequeno cartoon com a Mafalda e a Liberdade como protagonistas em que a Liberdade fala da indecisão de voto de seu pai. Sinto-me um bocado assim. No papel tem muito mais piada.
Mas chega de pessimismo. As coisas vão melhorar. Não tenho a certeza de para quem, mas que vão, lá isso vão.
E a notícia triste. Perdemos Carlos Paredes. Voltarei a ouvir a sua guitarra um pouco mais e sei que não mais desaparecerá este calafrio na espinha. Um abraço para ti.  


Adeus e até a uma próxima.

Ricardo
 




Sem comentários: